quarta-feira, 5 de março de 2014

Os 10 dias de UTI do Davi

Sinceramente, esses 10 dias foram os piores dias da minha vida... Sem sombra de duvidas.
O Davi nasceu dia 31/01 e tivemos alta da maternidade dia 02/02. Estava muitooooooooo calor em São Paulo. Ele nem sequer usou a saída da maternidade que a vovó comprou pra ele. Saiu de body!
Chegamos em casa no domingo por volta de umas 16 horas. Ele já chegou chorando e fui logo dando o peito. Logo, chegaram meu irmão e minha cunhada, em seguida meus pais.
Estava tão quente que deixei ele só de fralda e o ventilador virado pra cima. Acho que tava uns 35 graus, mas a sensação era de uns 40!!!
Ele ficou um tempão no peito, tirava e ele chorava. Não se acalmava. Meus pais foram embora. Logo ele dormiu. Só que por uns 15 minutos apenas. Ele chorava muito. Resolvemos dar um banho. E nada dele se acalmar.
Aquilo não estava normal, resolvi medir a temperatura. Marcelo colocou o termômetro que logo apitou: 37,9.  Meu coração quase saiu pela boca! Ele está com febre! digitei no google e vi que febre acima de 37.5 tem que levar no hospital. Me desesperei, comecei a chorar e falei pro Marcelo para irmos urgente a um hospital.
Fomos no hospital mais perto de casa. Isso era umas oito da noite.
Eu só chorava. Ele não mais, dormiu. Acho que dormiu de calor, de cansaço, pelo balanço do carro ou pela febre, não sei.
Rapidinho ele foi atendido, na admissão mediram a febre: 38.2 Meu Deus...
O médico plantonista logo decretou só de olha-lo: Está com icterícia, vamos interna-lo agora! Que???????? Meu mundo desabou. Juro! Juro que achei que o médico ia falar assim: Dê esse remédio para ele e volte se a febre não abaixar... Engano meu... Continuei chorando enquanto o medico preenchia os documentos para a internação. Uma atendente do hospital, veio falar com agente. Perguntou onde ele tinha nascido, eu expliquei, e ela achou melhor irmos para lá. Que bom! Eu não estava gostando muito daquele hospital, tem fama de internar as pessoas sem motivo... Segui o conselho da moça e voltamos para o São Luiz.
Fizemos a ficha, ele ainda dormia. E fomos aguardar. Não demorou muito, fomos chamados. Explicamos para a pediatra toda a historia e ela pediu para colhermos alguns exames. Os exames foram colhidos umas 22h... Mas pra uma mãe de primeira viagem, com o filho com febre com 2 dias de vida, foi uma eternidade.
Na hora de colher os exames, nem quis entrar, o Marcelo entrou. Desabei a chorar do lado de fora da salinha... Uma enfermeira viu, me olhou e disse: Eu sei que é difícil, seja forte!
Quando o exame terminou o Marcelo trouxe ele, o Davi não chorava mais...  já o Marcelo... Esse sim não aguentou e saiu com os olhos marejados.
O resultado saiu perto de 2 hora da manhã, e deram alterados para icterícia, desidratação e infecção.
A pediatra de plantão, mesmo achando que a alteração foi pequena, disse que não podia arcar com a responsabilidade de não interna-lo, pois segundo ela, vai que libera e acontece alguma coisa.
Estava decidido, o Davi seria internado.
Meu mundo desabou. Dali ela pediu para aguardar a burocracia da liberação do convênio. Gente, como eu chorava... Parecia que aquilo não estava acontecendo comigo, parecia mentira... O Davi também chorava... Alguem apareceu com uma mamadeira com complemento. Relutei, mas disseram que acalmaria ele. Dei a mamadeira, chorando, querendo que ele não aceitasse. Mas ele tomou, metade. Tinha uns 30 ml....
A tal burocracia demorou pra caramba. Eu tinha saído de casa com a roupa do corpo, não tinha comido nada, nem bebido desde a alta do hospital, não levei nada, nem pra mim nem para o Davi, não tinha absorvente pós parto, fralda para ele, roupa... nada. Imagina a situação. 2 dias depois do parto. Pedi para o hospital um absorvente e uma fralda para poder troca-lo. E aguardamos até as 5 da manhã a liberação para a internação dele. Eu estava parecendo um zumbi, não havia dormido nas 2 noites que passei na maternidade. Aquela era o 3 dia que eu não pregava o olho.
Ele foi internado na UTI SEMI INTENSIVA - UTI 10. Depois que ele deu entrada, a enfermeira nos chamou e mostrou como seriam os procedimentos: higienização, paramentação, horário de mamadas,  visitas do pai... Orientou que eu agendasse horários no banco de leite e que fossemos para casa, pois eu precisava descansar.
Nada daquilo fazia sentido para mim. Meu filho nasceu bem, estava bem.
Enfim, começou a fazer fototerapia, a tomar soro na veia e tomar antibiótico na veia.
Como ele é agitado, os acessos se perdiam, e elas ficavam furando ele toda hora. Uma judiação.
Depois de 2 dias na semi intensiva, a pediatra, chamou a gente para conversar, disse que repetiu os exames e que a infecção não havia baixado, e que ele seria transferido para uma UTI e ao invés de acesso passariam um cateter e o risco de "perder" é bem menor e assim foi feito.
O papai? Também ficou arrasado, mas se fazia de forte para me dar força. A noite, sonhava (ou tinha pesadelos?) e falava em voz alta: "-não! não quero que ele seja internado"... E eu só ouvindo na madrugada...
09:00 as 10:00 banco de leite - tirar leite
10:30 as 11:00 conversa com a pediatra
11:00 as 12:00 amamentação
12:00 as 13:00 banco de leite
13:00 as 14:00 almoço
14:00 as 15:00 amamentação
15:00 as 16:00 banco de leite 
17:00 as 18:00 amamentação
18:00 as 19:00 banco de leite
19:00 as 20:00 jantar
20:00 as 21:00 amamentação
Rotina puxadíssima... nesse 10 dias de UTI praticamente não atendi ligações, primeiro por que realmente não dava tempo e outra que era muito difícil pra mim ficar explicando 15.273 a mesma coisa.
A palavra UTI é forte. E para as pessoas parecia que meu filho "tava nas ultimas". Então me recusava a atender para não ter que dar maiores explicações, o Marcelo se encarregava dessa parte.
E assim foi. Passaram-se longos 10 dias.  Fiquei mal, chorava, chorava e chorava. Não gostava de vê-lo na fototerapia, com aqueles fios  nos pés, mãos e braços. Era difícil para amamenta-lo, ficava sem posição, não ficava confortável. As mães dizem que vão embora e metade do coração fica lá internado... No meu caso o meu coração ficava todinho lá, eu ficava inteira lá... Não teve um dia, uma noite que eu não tenha chorado, marido dormindo e eu chorando...
No dia 12/02 quarta-feira, tivemos alta. Eu estava radiante e eufórica, só queria sair dali... Pressionei muito o pessoal lá, que em dia de alta é muiotoooooo enrolado! E depois de muito enrolar, saímos voados as 15:30! Nós 3 papai, mamãe e Davi e meu pensamento era: Nunca mais quero voltar a esse lugar.
Papai segurando o Davi na UTI

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